segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Cantos populares do archipélago açoriano, de Teófilo Braga

No dia 29 de novembro, pelas 18h, na Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada, será apresentada a Base de Dados Online: Registos Sonoros recolhidos por Joanne Purcell nos Açores entre 1969 e 1970. De seguida, Ângela de Almeida irá falar sobre Purcell e o Romanceiro. Posto isto, esta semana, até sexta-feira, poderão ler informações sobre livros que a Biblioteca possui relativamente à tradição oral açoriana, um tema que foi muito estudado por Joanne Purcell.

Hoje, esta publicação será sobre Cantos populares do archipélago açoriano, de Teófilo Braga.



Fotografia de Daniela Sampaio



Neste livro, o poeta micaelense encarregou-se de publicar e falar sobre o espólio recolhido pelo etnógrafo Dr.º João Teixeira Soares de Sousa, da ilha de São Jorge.

Na parte introdutória, Teófilo de Braga explica como dividiu o livro. A primeira parte é "atual, móvel, continuamente em elaboração, porque é um eco da vida, uma linguagem das paixões e dos sentimentos de hoje". Já a segunda parte "é tradicional, histórica, em desarmonia com os costumes presentes, mas repetida ainda religiosamente como lembrança de costumes e sucessos que já passaram". Resumindo, a primeira parte corresponde ao Cancioneiro e a segunda ao Romanceiro de Aravias. Quanto à segunda parte, o autor decidiu explicar o uso do termo aravias, que, no tempo de Teófilo Braga e do Dr.º João de Sousa, era usado em romances populares. É uma palavra que também mostrava "a origem árabe dos romances populares da Península".

Ainda na Introdução, o autor micaelense relembra que as "tradições cavalheirescas" foram para os Açores nos princípios do século XV graças aos colonos e que os romances eram considerados "propriedade do baixo povo". Acredita que os cantos das ilhas são os mais antigos da tradição popular portuguesa.



Frontispício de Cantos populares do archipélago açoriano. Fotografia de Daniela Sampaio.



Nas anotações existentes nas últimas páginas do livro, o político realça elementos comuns nas cantigas açorianas. Por exemplo,  dá para ver as rivalidades existentes entre as ilhas. No caso dos habitantes de Santa Maria, estes são mencionados como "cagarros". Também percebeu que a atividade vulcânica influenciou os cantos populares.


Para mostrar um pouco da riqueza de Cantos populares do archipélago açoriano, podem ler um romance cuja versão foi criada na ilha de São Jorge:



Fotografias e edição de Daniela Sampaio.



Neste contexto, a palavra "romance" não tem a ver com o género narrativo ficcional em prosa. Neste caso, é um género poético narrativo breve que, ao ser destinado ao canto, faz parte da tradição oral. 




Este livro não está para empréstimo. No entanto, poderá ser consultado na Sala de Leitura, sendo necessário, primeiro, pedir o livro no balcão de atendimento:

  • BRAGA, Teófilo- Cantos populares do archipélago açoriano. Porto: Typografia da Livraria Nacional. 1869. 478 p.
    AÇORES 3/588.






P.S- Para facilitar a leitura desta publicação, as frases retiradas do livro de Teófilo Braga encontram-se "atualizadas", não seguindo a grafia vigente no tempo do autor.


Fontes:

NUNES, J. M. de Sousa (2009, 27 de dezembro). Romance. Disponível em: https://edtl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/romance. Acedido a 25 de novembro de 2019.

Romanceiro tradicional. Disponível em: https://terramater.pt/romanceiro-tradicional/. Acedido a 25 de novembro de 2019.

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