sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Margarida Fonseca Santos na BPARPD

Margarida Fonseca Santos nasceu a 29 de novembro de 1960, em Lisboa. Tirou o Curso Superior de Piano no Conservatório porque queria ser professora de Formação Musical. Deu aulas em várias escolas e começou a escrever em 1993. À medida que a sua paixão pela escrita foi aumentando, a sua vida também foi sofrendo algumas alterações. Acabou por deixar de ensinar música para se dedicar à escrita a tempo inteiro.

Tem imensos livros publicados, principalmente para crianças e jovens. Muitos dos seus livros fazem parte do Plano Nacional de Leitura. Por vezes, escreve para teatro. Tem coleções com outras autoras, como a coleção juvenil 7 Irmãos, com Maria João Lopo de Carvalho, e As Aventuras de Colombo, com Maria Teresa Maia Gonzalez. 

Atualmente, tem projetos relacionados com a escrita criativa e a saúde mental. Tem, agora, uma coleção juvenil intitulada A Escolha é Minha, cujos livros abordam vários temas, como o bullying e o luto.


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Cartaz da Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada.


No dia 21 de novembro, a autora esteve na Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada. As sessões foram organizadas segundo o seu público-alvo, isto é, o público infantojuvenil. A primeira sessão, que começou pelas 10h, contou com a presença de alunos do primeiro e segundo ciclos. A sessão das 14h30 ficou marcada pela participação de alunos do segundo e terceiro ciclos.

Nas duas sessões, a autora falou sobre como, no início, queria ser engenheira, mas, depois, percebeu que queria dar aulas de formação musical. Mais tarde, decidiu que a escrita deveria ser o seu grande foco quando começou a inventar histórias para os seus filhos e alguém lhe disse que ela deveria escrever. Começou, então, a escrever em 1993, quando tinha 33 anos. Em 1995, conseguiu publicar o seu primeiro livro, O pirilampo sem luz, que já não existe. Desde então, nunca mais parou e, em 2020, irá celebrar 25 anos de carreira.

As crianças fizeram perguntas sobre alguns livros da autora. Os que se destacaram mais foram Bicicleta à chuva e Reconstruir os dias, ambos da coleção A Escolha é Minha, publicada pela Booksmile, chancela da 2020 Editora. Quanto ao primeiro livro, a editora, com a autora, decidiu que ele deveria ter como tema central o bullying. Assim sendo, Margarida Fonseca Santos criou uma história sobre um menino que era maltratado por outros rapazes a partir de uma história real sobre um casal que conhece e o filho. Um dia, o casal, ao chegar ao hospital para verem o filho, que tinha sido levado para lá urgentemente, foi recebido pela polícia, que fez perguntas aos pais por pensarem que o rapaz poderia estar a ser maltratado pelos próprios progenitores. Depois de terem sido ilibados, os pais foram ver o filho, que esteve entre a vida e a morte durante duas horas. Quando viram o jovem, repararam nas muitas nódoas negras espalhadas pelo corpo dele. Mais tarde, descobriram que o menino era maltratado ultimamente pelo mesmo grupo de rapazes. Com este livro, a autora pretende mostrar que é muito importante prestar atenção aos colegas que podem ser vítimas de bullying e que a violência não deve ser tolerada.

O segundo livro, Reconstruir os dias, é sobre a morte e o processo do luto. Não só vemos um adolescente a tentar lidar com a morte da mãe, como também vemos os avós a passarem pelo mesmo. É uma homenagem aos avós que perdem os seus filhos, mas que têm força e coragem para cuidar dos seus netos que ficaram órfãos. Ao falar sobre este livro, a autora frisou que ou escreve tendo como base as suas próprias experiências de vida, ou faz perguntas e entrevistas a pessoas que passaram por essas experiências.


Margarida Fonseca Santos a ler uma passagem de um dos seus livros.
Fotografia de Daniela Sampaio.


Apesar dos temas "pesados" presentes nos livros, Margarida Fonseca Santos diverte-se, e, também, comove-se, ao escrever as suas histórias. Na realidade, é assim que ela vê se o livro é bom ou não.

Também fizeram perguntas quanto ao processo de escrita. Devido à doença que tem, não pode escrever durante muito tempo à mão. Nesse aspeto, o computador é muito útil. Escreve principalmente nas interrupções letivas, pois é quando não tem visitas escolares para realizar. Quando tem uma ideia, pensa muito nela primeiro e, depois, escreve a história toda de uma vez só. Antes de a editar, deixa-a "respirar" durante algum tempo.

A convidada acrescentou que, agora, publica o que quer e não o que as editoras pedem. Adora literatura infantojuvenil e acha que é mais difícil escrever para as crianças, até porque, ao escrever para elas, deve abrir portas. Defende imenso a ideia de que as histórias não devem ser moralistas, na medida em que as crianças é que devem fazer as suas próprias interpretações e tirar as suas conclusões. Não se pretende pôr ideias nas cabeças delas, mas sim fazê-las pensar de forma autónoma.

Houve, ainda, espaço para perguntas um pouco mais pessoais. Por exemplo, quiseram saber o seu tipo de música favorito (música barroca) e o que gosta de ler (adora contos e não gosta nada de ler policiais).

Uma professora também decidiu fazer perguntas e pediu à autora para falar sobre a importância da leitura. Margarida Fonseca Santos disse que as crianças deveriam ler o que querem realmente ler. A leitura não deve ser vista como uma obrigação, mas sim como uma escolha. Deu o exemplo do projeto Read On, implementado em muitas escolas portuguesas. Num intervalo da manhã e num intervalo da tarde, os alunos leem durante 10 minutos.


Antes de terminar a sessão da tarde, deixou conselhos para aqueles que gostariam de ser escritores. Disse que é preciso ler e reescrever muito, estar preparado para pôr muita coisa no lixo e que é importante experimentar várias coisas.


Alguns dos livros da autora expostos no Auditório da Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada.
Fotografia de Daniela Sampaio.


Foi, portanto, um dia dedicado à leitura e à literatura infantojuvenil. As sessões mostraram que ainda há muito para fazer quanto à criação de hábitos de leitura entre os mais novos. Ainda assim, foi muito bom ver alunos tão jovens ansiosos por saber mais sobre os livros que leram. A autora ainda deixou umas pistas sobre o próximo livro, que terá muitas metáforas sobre a autoestima, a esperança, o medo, etc.


A Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada tem, para empréstimo, imensos livros de Margarida Fonseca Santos. Por isso, esta lista apenas conta com os títulos que foram discutidos nos eventos:


  • SANTOS, Margarida Fonseca- Maria: os segredos da irmã mais velha. Alfragide: Oficina do Livro. 2009. 171 p.
    JUV 82-31 SET v.1;
  • __________________- Bicicleta à chuva. Amadora: Booksmile. 2015. 128 p.
    JUV 82-31 ESC/bic;
  • __________________- Ser quem sou. Amadora: Booksmile. 2017. 112 p.
    JUV 82-31 ESC/ser.
  • __________________- Reconstruir os dias. Amadora: Booksmile. 2017. 125 p.
    JUV 82-31 ESC/rec;
  • __________________- Rua do silêncio. Lisboa: Zero a Oito. 2018. 29 p.
    JUV 82-34 RUA v.3;
  • __________________- Sem rede. Amadora: Fábula. 2018. 119 p.
    JUV 82-31 ESC/sem;



Fontes:

Biografia. Disponível em: http://margaridafonsecasantos.blogspot.com/p/biografia.html. Acedido a 12 de novembro de 2019;

Biografia. Disponível em: http://www.margaridafs.net/index.php/home/biografia. Acedido a 12 de novembro de 2019.

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