quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Estudos sobre Património Oral (coordenação de Gabriela Funk)

O livro Estudos sobre Património Oral, coordenado pela professora Gabriela Funk, é o resulto do 4.º Encontro de Cultura Popular, realizado nos dias 18 e 19 de maio de 2006, no Centro Municipal de Cultura de Ponta Delgada. Organizado pela Câmara Municipal de Ponta Delgada e pela Universidade dos Açores, este evento tinha como objetivos desenvolver e divulgar "o trabalho interdisciplinar sobre Cultura Popular". Contou com a colaboração de outras universidades portuguesas (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e Universidade de Lisboa) e de universidades estrangeiras (França, EUA, Canadá e Angola).

Os textos reunidos neste volume abordam temas relacionados com o Património Oral, como a Literatura Tradicional (como o Romanceiro e o Cancioneiro), a Antropologia Cultural, a Religião e Crenças Populares, entre outros. Pretendem dar continuidade aos estudos realizados por grandes nomes açorianos, como Teófilo Braga e José de Almeida Pavão.

O então Vice-Reitor da Universidade dos Açores, José Luís Brandão da Luz, no seu discurso, indicou que a cultura popular como objeto de estudo é "indispensável para conhecer melhor a nossa identidade e desenvolver uma estratégia consistente da sua afirmação". 



Fotografia e edição de Daniela Sampaio.



Rui Faria, na sua intervenção, acredita que a Literatura Popular, embora ainda não tenha alcançado "o seu devido estatuto no âmbito da instituição literária", contribuiu imenso para "traçar o perfil literário e cultural de um povo". Pensa que "a Literatura e a Cultura Popular têm sido entendidas como marginais quando comparadas com uma Literatura Consagrada e uma Cultura Letrada."

Carmen Ponte Goujon, da Universidade de Poitiers, falou sobre os cânticos e orações tradicionais das Romarias de São Miguel. Começou por afirmar que, antes da escrita, o conhecimento era transmitido através da oralidade. Aliás, antes da invenção da escrita, "a inteligência estava intimamente ligada à memória, daí os mais velhos serem reconhecidos como os mais sábios por deterem um conhecimento acumulado, advindo da experiência". A transmissão do conhecimento pela oralidade ainda está viva, por exemplo, em São Miguel, que tem foliões do Espírito Santo, contos, lendas, romances, etc. Goujon falou principalmente sobre as romarias, onde as orações e os cantos, ainda hoje, são transmitidos, oralmente, de mestre para aprendiz, de pai para filho e, por isso, ainda estão vivos. É possível, assim, "alimentar uma memória ancestral não escrita e que faz parte da cultura popular e religiosa da ilha de São Miguel."


A Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada tem este livro para empréstimo:

  • FUNK, Gabriela (coord.) et al. Estudos sobre património oral. Ponta Delgada: Câmara Municipal. 2007. 405 p.
    EMP AÇORES 39 FUN/estu

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